sexta-feira, setembro 30, 2005


Olá, eis-me de volta !

Pelos comentários que recebi em relação às últimas bocarras vejo que não consegui explicitar muito bem o conceito de Pátria. Caturo usa uma distinção de base joseantoniana com uma identificação da Pátria ao Estado no caso do fascismo que nãó é correcta, na minha modesta opinião, embora esteja de acordo quanto ao resto.
Como seria óbvio Rebatet topou perfeitamente que não pertencemos à mesma família nacionalista, aliás não compreendo mesmo porque é que aqueles que não reconhecem a singularidade da Nação portuguesa insistem em denominar-se nacionalistas. (Talvez por mentalidade reaccionária ?) A sua matriz ideológica é manifestamente metanacional... A Nação como concepção "Volkish", como afirma, é redutora, estática e diria mesmo absurda pelo papel que a interpenetração de culturas e idiosincrasias que afectou sempre no tempo e no espaço territorial todos os países.
Se se não reconhece um desígnio nacional, traço de união espiritual entre as gerações que se revêm numa comunidade de destino histórica, então o que nos diferencia das outras Nações ? Se se não reconhece a forma sui generis como ousámos avançar à descoberta de novos mundos, e por uma condimentada receita de Deus, Ouro e Glória, estabelecer, dando e recebendo, pontes entre culturas e civilizações (isto é formas diferentes de ver o Cosmos) então o que somos? Meia dúzias de badamerdas enquistados na Espanha à espera que o nosso anúncio para empregados de balcão ou domésticas seja lido num qualquer El País ? É isso que somos ?
É verdade que o 25 de Abril estilhaçou a Pátria mas não a Nação porque essa se sublima exactamente, não nos Estados cleptocráticos que surgiram, mas no conceito de Portugalidade.
Rebatet cita Spengler, e muito bem ("Uma cultura tem uma alma, enquanto que uma civilização é o estado mais artificial de que a humanidade é capaz"). Fico sem perceber se cita por concordância ou por discordância, já que logo a seguir invoca a superioridade civilizacional, ou seja o tal estado mais artificial, para fundamentar a colonização !?
Claro meu caro Rebatet que "é preciso cortar amarras com o passado", há que esquecer a 2ª guerra mundial e passar ao séc. XXI. Nunca se esqueça porém que uma Nação sem passado é uma Nação sem futuro, lá dizia o Blair, mas o Eric Arthur.
A essência matricial de Portugal está na Europa, diz-me. Geograficamente é uma tautologia. Politicamente é como que deitar pela janela a biblioteca que se acumulou ao longo de uma vida.

Sinto que o ausência de pensadores nacionalistas (muitos dos mais preparados e com mais obrigações andaram nestes últimos anos apenas a tratar da vida, a ganhar consideração social e alguns mesmo a bajular o Poder para serem convidados para os seus repastos) durante as duas últimas décadas levou a um hiato cultural arripiante. E só assim se compreendem ridículas manifestações arregimentadas por marxistas-leninistas reciclados, mentecaptos e bufos da polícia (as categorias não são necessariamente mutuamente exclusivas).
Vejo hoje muita gente, com informação (mas por vezes sem o conhecimento) enfileirar nos que advogam a integração em Espanha, ou na mítica Europa. Não falta quem, nostálgico não se sabe bem de quê, pretendendo que a nossa Saga Nacional foi apenas um colossal atoleiro, nos pretenda enfileirar numa Europa dita das Pátrias, com argumentos que rescendem a grosseiro pan-germanismo ou a vertigem neo-napoleónica. Muitos deles, left-overs dos movimentos neo-paganistas e nietzschianos da última metade do séc. XIX, defendem uma Europa ariana depurada de todos os elementos contaminantes, em nome de uma mítica Civilização Ocidental que umas vezes pretendem de raiz cristã e, noutras ocasiões mais íntimas, fundada no paganismo pré-cristão. São, na generalidade, de uma ignorância confrangedora nomeadamente no que diz respeito às questões de natureza antropológica, histórica ou social. No caso português, renegam ou desconsideram a nossa História, acentuando e valorizando apenas as menções ao exercício do domínio imperial sobre raças e civilizações que pretendem inferiores. Embora se mascarem com a espiritualidade exaltante do Herói e do superior interesse do Colectivo, acabam por ser tão internacionalistas e anti-nacionais quanto o são os adversários que dizem pretender combater.
Uns três meses de férias pagas no Alabama curavam-nos rapidamente. Quando os tratassem como não brancos cairiam em si...