quinta-feira, outubro 05, 2006

Bibó general Sem-medo!

Não posso nem quero deixar de me associar às comemorações delgadas.Sob a mira bigbrotheriana, bufista, delatora e ignara da República e Laicidade quero contribuir para a memória do corajoso general e, de certa forma, desagravar a memória do homenzinho injustamente esbofeteado por Henrique Galvão. Nada melhor que recordar a impressão que causou a Jesus Suevos:

Humberto Delgado, dotado de grande ambição, pouca paciência e menos prudência, era o fascista mais avançado que conheceu em Portugal.
...
Era então chefe da Legião Portuguesa o jovem e muito inteligente Costa Leite Lumbrales que, depois, foi muitos anos ministro da Presidência às ordens imediatas de Salazar. Fomos ele e eu os oradores de um ressoante acto público em plena Lisboa. Porém, poucos dias depois, num banquete que aos espanhóis dedicou a Legião, no Casino do Estoril, não tendo Costa Leite podido comparecer por motivo de uma ocupação inesperada, em seu lugar ofereceu o banquete um capitão da Aviação, comissário da Mocidade Portuguesa, que se chamava Humberto Delgado. Almoçámos, pois, juntos e, como é natural, falámos todo o tempo de política. O então capitão Delgado era um homem entre os trinta e cinco e os quarenta anos, muito moreno, corpulento e com uma enorme vitalidade. Expressava-se com grande veemência e pareceu-me pouco prudente, pois sem encomendar-se a Deus nem ao diabo começou a dizer-me que achava o regime português “pouco fascista”. Confessou-me que admirava Mussolini e que lhe parecia necessário “endurecer” a Legião portuguesa e, sobretudo, a Mocidade. O agora chefe da oposição “democrática” ao Estado Novo edificado por Salazar cria que ainda havia demasiadas reminiscências liberais nas junturas das instituições e fórmulas do novo regime, e advogava “maior força e severidade”.

Tradução de um artigo de Jesus Suevos, no Arriba de 29 de Janeiro de 1961

1 comentário:

Marcos Pinho de Escobar disse...

Mas estes pecaditos passados em nada escurecem a brilhante folha de serviços demo-liberais e anti-fascistas deste herói dos abrilentos 74... A memória em Portugal é definitivamente hemiplégica.