segunda-feira, maio 08, 2006

Ainda a propósito do Kamarada Lino...

Não sou daqueles que têm por hábito barafustar contra tudo o que é ou cheira a espanhol. Entendo que estamos condenados a entendermo-nos quanto mais não seja por razões geográficas. É verdade que Portugal se está a tornar um vazadouro de produtos espanhóis de baixa qualidade; mas a culpa reside, provavelmente, mais na subserviência, pusilanimidade e terceiro-mundismo dos agentes do nosso Estado do que em Espanha. Há muito que se sabe que as Nações e os países agem em função dos interesses e não das amizades. Mas creio que já basta de tanta arrogância ignorante dos nossos governantes.
No passado, não pude deixar de me indignar quando ouvi a ex-Ministra dos Negócios Estrangeiros do país do lado afirmar perante as Cortes que os espanhóis estão em Ceuta desde 1415! A gaffe até seria desculpável se ela não correspondesse à informação que os espanhóis têm já inculcada. A título de exemplo, é possível ler-se numa publicação da RBA Coleccionables que Ceuta e Tânger, entre outras, foram conquistadas durante a regência de Fernando, o Católico. Se, como se comprova no resto da obra, o autor Gabriel Cardona é absolutamente medíocre, já mais dificuldade se tem em perceber como é que o tradutor (Miguel Côrte-Real) e os Revisores(Fernando Moser e Pedro Alçada Baptista) deixaram passar estas alarvidades. Tanto mais que não são únicas. Noutro fascículo, a intervenção fundamental das tropas portuguesas comandadas por D. Afonso IV, na batalha do Salado é completamente ignorada. A publicação acompanha soldadinhos de chumbo de colecção e foi vendida em quase todas as bancas de jornais por esse país fora.
A talho de foice e estimulados por estas atitudes, não podemos deixar de falar do caso de Olivença. Se a sua posse efectiva não constitui hoje um crítico problema para a Segurança Nacional, já a reivindicação da nossa Soberania, para além de uma justa questão de Direito, é um ponto fulcral na coesão anímica que consolida a nossa Identidade Nacional. Abdicar dessa acção, por pusilanimidade, falta de convicção ou subserviência aos Espanhóis, é não só uma tremenda deslealdade para com a Nação como um erro grave em Política Internacional. Olivença pode não ser hoje uma terra portuguesa, pela vontade dos seus habitantes, como certamente Gibraltar não é espanhola mas o que não pode haver dúvidas é que ela é de Portugal tanto quanto o Rochedo o pode ser de Espanha. Ceder nesse ponto é, na prática, entregar simbolicamente a nossa Alma à insinuante vizinha. E não nos esqueçamos de que Espanha está em Olivença há cerca de cem anos menos do que Inglaterra está em Gibraltar...

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