terça-feira, fevereiro 21, 2006

Porque sou nacionalista (Proemio)

Mon chère Jans


Por certo não levarás a mal que me dirija a ti pelo diminutivo tão engraçado com que o teu reflexo Játeatendo te trata. As minhas limitadas capacidades de tempo e diligência não me permitiram dar pela tua resposta ao meu desafio. Quando li os teus telefunken, bosch e volkswagen, fiquei intimamente intimidado pelo peso da tua sapiência catedral. Vi invocar eflúvios de nacionalismo romântico novecentista, ao jeito republicano-gnóstico-maçónico, tão ao gosto centro-europeu. Não é isso, não é isso! como diria D. Miguel (o de Salamanca).

Provavelmente com a pressa e o rebuço face ao tempo, apressaste a estocada, e bateste no osso. Como podes misturar o plano da mensagem universal e fraterna de Cristo com o da organização estrutural da sociedade ?(já sei, são conceitos de engenheiro). São planos diferentes e tu deslizaste de um para outro forçando um plano inclinado. Concedo que as concepções invocadas na primeira parte do texto (e sobre as quais tenho uma opinião muito próxima da tua)possam conduzir a uma Weltanschauung (ups!)diferente da que decorre do cristianismo (quando considerado na sua expressão total e não apenas na que afirmaste a qual me cheirou a relativismo new age).
Para mim, como já anteriormente escrivi, ser nacionalista hoje em dia é pugnar fundamentalmente pela promoção da Nação (entidade construída, afirmada e reconhecida no cenáculo internacional), enquanto comunidade politicamente organizada de cidadãos que de forma mais consciente ou subconsciente se revêem num conjunto de laços de pertença, resultado de uma história consolidada, vivida em comunhão de interesses, afectos, memórias e ânsias de futuro. Embora não tão primicialmente natural quanto a Família, a Nação é um elemento de estabilidade política e de referência cívica cuja dissolução artificial, subversivamente lenta ou compulsivamente formalista, só pode levar a desequilíbrios e agitação na cena internacional.
Para o arquétipo Pátria, a Nação tornou-se a sua carne, o seu corpo e moldura. É a Nação que, consciente de si própria, permite manter a salvaguarda do Fogo sagrado da Pátria, garantindo a sobrevivência do ideal colectivo. Renovada sob os auspícios da verdadeira liberdade, da igualdade de deveres e da fraternidade mais pura, a ideia nacional foi sempre cultivada como um ideal que podia exigir, em caso de extrema necessidade, o sacrifício da própria vida.
Já agora, não sabia que as fronteiras eram uma condição essencial para a existência da Nação... Vá lá, não te deixes cair em inevitabilidades maastrichtianas...

......

Confesso que ainda vou reler o teu texto-crítica ao do Jaime. Mas daquilo que li em diagonal creio estarmos em desacordo. Considerei o texto do JNP particularmente feliz (quando gostaríamos de ter sido nós a escrevê-lo é porque há uma comunhão total). Por vezes o Jaime quando tem de encher a burra, escreve redondo e acomodado. Mas não desta vez... Quanto a trincheiras, ele tem objectivamente o mesmo posicionamento que José António tinha em relação ao Alzamiento: desconfiava de uns e temia outros. Claro que quando é a vida que está em jogo, em última instância, temos de procurar a que fique mais à mão mas deixar-mo-nos manipular por um conflito e uma causa que não são nossos, isso é que não!

1 comentário:

Jansenista disse...

Deixei-te duas respostas lá no estaminé. Um abraço!