No desenrolar do processo político que sucedeu ao PREC, foram envidados todos os esforços, umas vezes de forma subtil, outras com grande descaramento, para branquear os acontecimentos histórico-políticos que se sucederam ao 25 de Abril. A nomenklatura que então se assenhoreou do Poder fez sempre passar a mensagem (comunicação social, sistema educativo, etc.) de que, com o 25 de Novembro, se havia reposto a legalidade inerente a um Estado de Direito e que tal havia sido conseguido exclusivamente pela acção corajosa dos oficiais agrupados à volta do denominado Grupo dos 9. Num só passe de mágica, limpava o curriculum torcionário de oficiais como Pezarat Correia, atribuía ao PREC o qualificativo de excessos expectáveis numa revolução (ilibando de responsabilidades os seus principais actores) e atirava para o oblívio histórico o papel fundamental desempenhado pelas revoltas populares, mais ou menos enquadradas por patriotas atirados para a clandestinidade ou por alguns elementos do Clero. Basta ouvir as declarações do futuro Marechal Eanes nas comemorações do 25º aniversário do 25 de Novembro para perceber o que esconde a minimização do papel desempenhado por pessoas como o Cónego Melo ou por movimentos como o MDLP que, apesar de liderado pela figura emblemática do 25 de Abril, o Gen. Spínola, foi rapidamente classificado como de extrema direita e bombista. Francamente, de tanto papaguear o marxismo e o leninismo esqueceram-se do conteúdo das suas teses para apenas reterem os métodos de conquista do Poder. Cabe-nos a nós desmistificar o historial oficial e repor a verdade para memória das gerações futuras. É nesse sentido que resolvi continuar a postar mais músicas, sobretudo as que se enquadrem nos registos históricos dessa época. Vindos do baú do VL, eis quatro musiquitas, na altura, amplamente cantadas nas feiras do Norte e Centro do país por um cantador de intervenção (como então se dizia) intitulado Zé do Povo.
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Quem me arranja a cassette do Quim Barreiros, lançada durante o PREC?
quarta-feira, março 15, 2006
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4 comentários:
Que delícia! As rimas estão um espectáculo.
Escusado dizer que não conhecia, afinal tinha 6 anos em 1975.
Que maravilha! Sinceramente comoveu-me mais ainda do que o Jan Pallach porque de certo modo era esta a voz das trincheiras, a voz dos caceteiros que pelo país fora foram pondo o PC na ordem enquanto a capital hesitava...
Soube-me assim a uma madalena proustiana: de repente lembrei-me de coisas em que nunca mais tinha pensado - como na resistência popular, se calhar mais genuína do que a nossa, jovens burgueses demasiado impregnados de figurinos estrangeirados.
Que soirée me estou a oferecer a mim próprio com estas canções!
Adorei estas canções. Não conhecia.
Onde posso arranjar estas pérolas?
e quem é que era o zé do povo? eu tenho esse disco, mas sem capa, nao encontro online, nem informação nenhuma. nem na net, nem no disco arranjo informação.
alguem me ajuda?
http://sphotos.ak.fbcdn.net/hphotos-ak-snc3/hs548.snc3/29996_401241286309_741191309_4154253_559947_n.jpg
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